GEOPOLITICA
E GEOSTRATÉGIA
* RELAÇÕES DE FORÇA NO MUNDO PÓS-GUERRA FRIA:
Uma grande potência
mundial não é somente um país rico, mas principalmente um país poderoso, que
impõe – pela diplomacia ou pela força,
quando necessário – seus interesses econômicos e políticos. O poderio econômico
e tecnológico atualmente é mais importante que a força militar, porque
demasiados gastos militares são improdutivos e até mesmo atrapalham o dinamismo
da economia; além disso, eles não elevam o bem-estar da população. Já o poderio
econômico e, principalmente, os tecnológicos são fundamentais nos dias de hoje,
nos quais a competição internacional é mais econômica que militar e o grande
objetivo de todos os povos é melhorar sua qualidade de vida.
Durante cerca de
meio século, quando havia a ordem mundial bipolar e as duas superpotências
militares, surgiu o fenômeno conhecido como guerra fria. Essa expressão
referia-se a uma espécie de guerra não declarada entre as duas superpotências,
a uma intensa rivalidade política e militar que se manifestava em âmbito
mundial, a uma disputa acirrada por todos os cantos do globo visando conseguir
aliados e ampliar suas áreas de influência. Do ponto de vista de sua ideologia,
ela parecia como a disputa entre o capitalismo e o socialismo. O Governo dos
E.U.A. dizia que era uma guerra psicológica, econômica, política, etc., entre a
liberdade (ou o modo de vida americano) e o comunismo (visto como inimigo da
democracia). E o governo soviético apregoava tratar-se de uma luta mortal entre
sociedade igualitária comunista, liderada pela ex-U.R.S.S., e o decadente e o
opressor capitalismo. Porém, a guerra
fria nunca foi exatamente nem uma coisa
nem outra. Ela foi mais uma disputa, às vezes até acompanhada de acordos
políticos ou secretos entre duas superpotências que possuíam igualmente
objetivos de expansão e dominação.
A expansão dos armamentos nucleares trouxe o
risco de uma guerra nuclear sem a participação de uma grande potência, algo
inimaginável até há algum tempo. Sem quer dizer que até guerras, muitos comuns
entre países pobres (no Oriente Médio, na África, no sul e no leste da Ásia),
poderão futuramente utilizar armamentos nucleares, algo perigosíssimo para o
meio ambiente planetário.
Na ordem bipolar havia uma contradição
principal, que dominava todas as demais: a oposição Leste –Oeste, ou seja,
entre o socialismo real e o capitalismo. Agora, com o final da bipolaridade e
da guerra fria, existem várias tensões e contradições, sem que nenhuma delas se
sobreponha às demais. Grande parte das atuais tensões no espaço mundial deriva
da globalização e seus problemas, como o surgimento ou o agravamento de
contradições culturais, religiosas, ambientais, étnico-nacionais e outras. A
oposição entre o Norte e o Sul é importantíssima, mas ela provavelmente não
originará conflitos militares, ao contrário do que ocorria com a oposição
Leste-Oeste. E também a competição entre os três ou quatro principais pólos ou
centros de poder mundiais (Europa, Japão, E.U.A. e talvez China) não é
militar-ideológica, como a guerra fria, mas econômica.
Como se vem notando desde 1989, o fim da
guerra fria não diminuiu os conflitos armados no mundo, que ao contrário, podem
ter aumentado. Com o apogeu da bipolaridade e a divisão do mundo em “áreas de
influência” dos E.U.A. e da ex-U.R.S.S. , as guerras ocorriam, embora não tão
intensamente. Isso porque as duas superpotências sempre procuravam evitar
grandes conflitos que pudessem gerar uma crise mundial. Com o fim da
bipolaridade, novos atores entram em cena, aproveitando um certo espaço de
manobras ocasionado pelo término do controle que cada superpotência exercia na
sua área de influência. Houve, por exemplo, casos de governantes de países do
Sul que invadiram territórios vizinhos ou ainda que procuraram ou procuram
desenvolver armamentos nucleares, visando possivelmente a uma situação futura
de potências regionais. Também houve um notável aumento de conflitos
étnico-nacionais, nos movimentos separatistas de nacionalidades que se sentem
oprimidas dentro de um país.