O PAPEL DO FMI E DO BIRD
Há algum tempo, as dívidas externas de
grande número de países do Sul – e também, mais recentemente, de algumas
“economias de transição”, como a Rússia, a Polônia, a Bulgária, a República
Tcheca e a Hungria – vêm se constituindo num importante assunto da política e
da diplomacia internacional.
Alguns desses
países endividados já entraram numa espécie de círculo vicioso, de acúmulo
progressivo da dívida: eles tomam dinheiro emprestado não para investir em suas
economias, mas para pagar os juros e amortizar (pagar em parcelas) o principal
de suas dívidas externas. Com isso, o montante de seu endividamento vai
acumulando a cada ano.
Para resolver o problema, esses Estados
procuram a todo custo aumentar suas exportações e, ao mesmo tempo, diminuir
suas importações. O objetivo dessa política econômica é conseguir recursos por
meio de grandes superávits em suas balanças comerciais. No entanto, como saldo
comercial, com raras exceções, não é suficiente para pagar os compromissos da
dívida externa, os países endividados continuam no círculo vicioso, fazendo
novos empréstimos para pagar velhos compromissos.
Ultimamente tem sido comum esses países
endividados recorreram ao fundo Monetário Internacional (FMI), com sede em
Washington, Estados Unidos.
O FMI surgiu no fim da Segunda Guerra
Mundial, juntamente com o seu parceiro, o Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), também conhecido como Banco Mundial e igualmente
sediado em Washington. Tanto o BIRD como o FMI são instrumentos financeiros
controlados pelos países ricos, especialmente os Estados Unidos, embora
oficialmente eles pertençam à ONU e centenas de países possuem cotas e são considerados
seus sócios.
Em 1944, o mundo passava por um momento
muito delicado. A guerra estava chegando ao fim e havia uma grande crise e
instabilidade das moedas. Diante disso, dezenas de países reuniram-se para
planejar a estabilidade da economia mundial. Foi nessa ocasião que o FMI e o
Banco Mundial foram criados, como complemento dos acordos de Bretton Woods,
assinado na cidade norte-americano de mesmo nome. Na prática, porém, os Estados
Unidos exercem grande influência nessas duas organizações, pois as maiores
contribuições financeiras que elas recebem provêm desse país.
Os acordos de Bretton Woods
estabeleceram que o dólar norte-americano fosse à principal moeda (dinheiro)
internacional, e que o BIRD e o FMI auxiliariam na estabilização da economia
capitalista mundial, evitando grandes oscilações no valor das diversas moedas
dos países desenvolvidos, e ajudariam na reconstrução do Japão e dos países
europeus arrasados pela guerra. O BIRD tem como função conceder empréstimos aos
países que necessitam de dinheiro para investimentos. O FMI desempenha o papel
de coordenador e fiscalizador dos empréstimos e das políticas de
desenvolvimento posta em prática pelos países endividados.
O BIRD e, principalmente o FMI tem
procurado intervir na política econômica dos países subdesenvolvidos. O FMI não
empresta diretamente grandes quantidades em dinheiro, mas tem um importante
papel fiscalizador dos pagamentos. Por essa razão, tem o apoio dos banqueiros
internacionais.
O FMI procura impor aos países
endividados uma política econômica recessiva, isto é, que entrava as atividades
econômicas, dificulta novos investimentos e reduz os ganhos salariais. Tudo
isso sob o pretexto de que o pagamento da dívida externa é mais importante.
Algumas medidas propostas aos países endividados recaem sobre a maioria da
população, pois é bem mais fácil controlar os salários e reduzir os gastos
públicos relacionados com áreas sociais, como educação e saúde.